Muitas vezes ouvimos falar desta patologia sem saber muito bem do que se trata e o quão exercício físico é importante para as pessoas com fibromialgia. O que se pretende com este artigo é clarificar o seu significado e deixar os benefícios do exercício físico nesta patologia.
A fibromialgia é uma doença que afeta hoje cerca de 5% da população mundial, principalmente mulheres sedentárias, acima de 40 anos e pessoas de cor clara, caracterizando-se por dores agudas e crónicas, fadiga, distúrbios do sono, entre outros sintomas. O termo fibromialgia vem do latim fibro (tecido fibroso, ligamentos, tendões), do grego mia (tecido muscular), algos (dor) e ia (condição), ou seja, condição de dor proveniente de músculos, tendões e ligamentos.
Segundo Adamas & Julius (2005), a fibromialgia é uma doença real, com dores reais, não possuindo apenas caráter psíquico (apesar de por vezes iniciar-se com um quadro de depressão ou vir a desenvolver tal quadro com a doença) e, se não tratada adequadamente, pode causar uma significativa queda na qualidade de vida de quem a possuí.
Ainda não tem cura e quando diagnosticada por exame clínico, o tratamento é normalmente farmacológico (antidepressivos, analgésicos etc.), sono de qualidade e exercícios aeróbios. Os remédios têm o objetivo de amenizar os sintomas e promover o bem-estar dos pacientes, permitindo-lhes que executem atividades físicas regulares que são fundamentais no tratamento da patologia.
Adamas & Julius (2005) explicam que durante a solicitação de trabalho físico, podemos perceber que os portadores da doença têm músculos fracos e que fadigam com facilidade, sendo indicados exercícios de alongamento, fortalecimento muscular e flexibilidade associados a exercícios aeróbios, ambos iniciando gradualmente e, se possível, numa intensidade que não gere ou gere apenas dor suportável, onde a intensidade do exercício é aumentada progressivamente com o passar da adaptação fisiológica ao treino, respeitando o limiar de dor da pessoa.
O exercício físico aeróbio é normalmente mais indicado que o anaeróbio em pessoas com fibromialgia, pois o primeiro libera potencialmente mais endorfina.
A Síndrome da Fibromialgia (SFM) é uma doença reumática não-articular que faz parte de um grupo das patologias músculo-esqueléticas dolorosas.
Segundo Bates & Hanson (1998), a SFM é considerada uma síndrome porque é identificada mais pelos números de sintomas do que por uma má função específica. É caraterizada por dor difusa músculo-esqueléticas, rigidez, fadiga, distúrbio do sono e pontos dolorosos. A dor é geralmente descrita como uma sensação de queimadura da "cabeça aos pés" ou por uma dor que "dói o corpo inteiro". A dor pode mudar de localização e é mais intensa nas partes do corpo usadas com maior frequência. Para alguns pacientes, a dor pode ser intensa o suficiente para interferir nas tarefas diárias e, para outros, pode ser apenas um pequeno desconforto.
A fadiga experimentada pode abranger desde uma sensação de cansaço até a exaustão extrema. Os sintomas pioram com o frio e a humidade, tensão e inatividade e são aliviados por calor, atividade moderada ou relaxamento.
No que toca à fibromialgia e o exercício físico, Gonderberg (2005) explica que de fato, exercícios físicos podem trazer benefícios fantásticos, comprovados nas últimas três décadas, mas também oferecem riscos, se não forem muito bem orientados.
Todos os pacientes devem ser submetidos a um programa de exercício físico, pois este oferece muitos benefícios como o aumento do limiar de dor, melhoria da flexibilidade e força, aumenta a serotonina cerebral, melhora a qualidade do sono, o humor e a auto-estima, auxilia no controle do peso, diminui a sensação de fadiga e melhora a condição cardiovascular (FELDMAN,1998).
O que vai determinar um resultado favorável ou não são as variáveis como a idade do paciente, grau de condição física, intensidade do exercício e condições associadas.
Portanto, todo o treino precisa ser personalizado e acompanhado por um especialista na área. Uma vez que os pacientes com fibromialgia frequentemente apresentam fortes dores após os exercícios, a intensidade e a duração devem ser inicialmente baixas e aumentadas lenta e progressivamente como tolerado, para que os pacientes não evitem a atividade física.
Os exercícios devem ser aeróbicos e sem impacto como terapia na água, caminhadas, bicicleta ergométrica e alongamento (BRADY & HUFF, 1999).
Para Chaitow (2002), a atividade física deveria ter dois componentes principais: o alongamento para aumentar a mobilidade das articulações e os exercicios aeróbios para aumentar a condição física. Os alongamentos deveriam ser gerais para tratar a perda de flexibilidade e também específicos à necessidade do indivíduo. Os exercícios devem ser feitos pelo menos três vezes por semana.
Uma vez adquirido o hábito, melhora a condição muscular e a tendência é diminuir a dor. Essa é a razão pelas quais a atividade física constitui parte fundamental no tratamento da fibromialgia, ao lado dos medicamentos. O exercício bem feito, na medida correta, não deve ocasionar dor.
Goldenberg (2005) expõe outros benefícios encontrados quando se realiza a atividade física:
- Melhoria na resistência física geral e na capacidade cardiovascular em particular. O coração e o pulmão trabalham de maneira mais eficaz;
- Fortalecimento dos músculos. Exercícios físicos intensificam o fluxo de sangue para os músculos, colaborando com a mobilidade de grupos musculares que estão em contração prolongada e ainda favorecem o alongamento dos tendões. Tudo isso beneficia o sistema músculo-esquelético;
- Sono de melhor qualidade. A prática regular estimula a produção do hormônio do crescimento, que aumenta o sono profundo – justamente o que falta aos fibromiálgicos. Para isso, devem ser realizados até seis horas antes do horário de deitar;
- Ossos mais fortes e resistentes às fraturas;
- Melhoria da coordenação motora para as atividades diárias;
- Auxílio no controle de peso;
- Redução da depressão, alívio das instabilidades de humor e melhoria da auto-estima. A pessoa sente que tem mais energia e disposição. Melhor ainda se o treino físico incluir um trabalho específico para fortalecer os músculos.
Durante anos os exercícios de força foram considerados dispensáveis para portadores de fibromialgia. Bates & Hanson (1998) citam que exercícios de fortalecimento ajudam a reduzir as distensões musculares. Mas o mais importante é que o programa efetivo ajuda o paciente com fibromialgia a administrar ambos, tanto os aspectos emocionais como os físicos da enfermidade.
O fundamental é que o exercício seja interessante e recompensador ao paciente, de modo que não se limite a um tratamento de curto prazo, mas passe a fazer parte de sua vida.
Todas as pessoas precisam fazer alguma forma de exercício para manter uma boa condição física compatível com as atividades que exerce. Na fibromialgia os exercícios são particularmente úteis. No entanto nota-se que muitas pessoas com fibromialgia ficam desencorajadas a fazer atividades físicas, poupando os movimentos nos locais dolorosos por temerem um agravamento dos sintomas.
Esse raciocínio é errado, pois, por meio de exercícios físicos, pode-se promover um relaxamento nos locais de dor, bem como uma melhoria dos sintomas e da qualidade de vida. Os exercícios físicos na fibromialgia, além de promoverem uma melhor capacidade cardiovascular, atuam sobre o sistema músculo-esquelético, ou seja, favorecem a mobilidade de grupos musculares que se encontram em contração prolongada, promovem o alongamento de tendões, melhoram o equilíbrio durante a marcha, enfim, fazem a pessoa sentir-se melhor e mais saudável.
O Treino da força surge como mais uma estratégia de intervenção ou opção de tratamento no sentido de intervir positivamente no tratamento da Fibromialgia, bem como aumentando a qualidade de vida dos indivíduos por ela afetados.
Desta forma, a Personal Trainers Algarve aconselha a procurar ajuda profissional para uma melhor orientação na atividade física para que atinja os resultados desejados de forma segura.
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