Qual de nós, numa
das nossas caminhadas ou corridas, não encontrou já tanta gente acompanhada
pela música… Fones nos ouvidos e aí vamos nós para mais uma viagem. Será assim
tão importante a música, enquanto praticamos exercício físico? Será que serve
de motivação, concentração ou apenas distração?
Cada um de nós terá
uma opinião, contudo já existem alguns artigos científicos nesta área. A
Personal Trainers Algarve deixa-vos aqui algumas ideias sobre este tema.
Dantas (2002),
diz-nos que falar em música e associá-la ao psicológico é inevitável. Ela
transmite emoções, traz lembranças e sensações. Estímulo presente em diversos
locais com um único propósito, distrair, trazer alegria e prazer a quem a
escuta. Afirma que a música tem acompanhado o homem desde a pré-história,
tornando-se um elemento caraterístico do ser humano.
Miranda &
Godeli (2003), afirmam que a atividade física acompanhada de um ritmo musical
ocorre com muita frequência, seja em situação de prática individual como, por
exemplo, na utilização de fones nos ouvidos ou também em situação de grupo com
música ambiente. Nas duas situações, os movimentos executados pelos praticantes
podem estar sincronizados com a música ou simplesmente como fundo musical. Em ambos,
a música é uma forma de prevenção contra a monotonia existente na atividade
física sistemática. A música age no corpo distraindo a atenção do indivíduo
para a sua melodia e batida, fazendo com que alguns estímulos proporcionados
por determinado exercício sejam esquecidos momentaneamente pelo cérebro.
Sobre isso Todres
(2006), explica que segundo a sua teoria do portal do controle da dor, a música
age como um estímulo em competição com a dor, distraindo o praticante e
desviando a sua atenção, alterando desta forma, o estímulo doloroso.
Certos tipos de música são capazes de
baixar níveis elevados de stress, tais como a
meditativa ou clássica lenta, reduzindo os indicadores neuro-hormonais de stress
(Todres, 2006).
Yamamoto (2003),
relata no seu estudo realizado com 6 estudantes do sexo masculino, que a música
lenta reduz os níveis de noradrenalina plasmática, trazendo como consequências
as diminuições tanto da frequência cardíaca, quanto da pressão arterial. O
estudo procurava avaliar a diferença entre dois tipos diferentes de músicas
(rápida e lenta), as quais eram ouvidas pelos praticantes 20 minutos antes de
um teste de 45 segundos de exercício supramáximo em clicloergômetro.
Seguindo essa mesma
linha de raciocínio, e com relação ao ritmo das músicas, Yamamoto (2003),
juntamente com Edworthy & Waring (2006) e Brownley et. al. (1995), relatam
mudanças positivas no rendimento quando utilizadas músicas rápidas. Yamamoto
(2003), conclui que ao contrário da música lenta, a rápida aumenta os níveis de
noradrenalina no sangue em teste de exercício supramáximo durante 45 segundos
em ergômetro.
Já Edworthy &
Waring (2006), realizaram um teste com 30 voluntários, os quais realizaram
cinco sessões de exercício numa passadeira com diferentes variações na música
de acompanhamento (rápida e alta, baixa e lenta, alta e lenta, baixa e rápida,
sem música) e constataram que a música rápida e alta proporcionou melhor
desempenho quando comparada às outras sessões do teste com as outras variações.
Brownley et. al.
(1995), por sua vez, avaliou a influência da música sobre as respostas
fisiológicas ao exercício comparando 8 indivíduos treinados e 8 não treinados
em três condições (sem música, música lenta e música rápida). O estudo
concluiu, após um teste de performance, que a música rápida aumenta a
frequência cardíaca e os níveis de cortisol no sangue, sendo mais benéfica para
corredores não treinados em relação aos treinados, talvez pelo fato dos últimos
estarem mais acostumados psicologicamente à condições de stress.
Já Martins (1996),
afirma que a partir do momento que a música deixa de ser um estímulo agradável,
o sistema nervoso tende a vincular a sua atenção a outro estímulo ambiental.
Uma aula de Yoga ou direcionada para idosos exigem músicas mais lentas e relaxantes
que transmitam tranquilidade. Enquanto uma corrida à beira-mar, uma pedalada,
ou uma aula de ginástica sugerem músicas com batidas mais aceleradas, que
estimulem e motivem o indivíduo a concluir o que está sendo proposto na
intensidade e no ritmo exigido pela música.
Do mesmo modo que a
música pode estimular e auxiliar na melhoria do rendimento de uma atividade
física, ela também pode agir de modo contrário quando não agrada aos ouvidos de
quem a escuta. Além disso, quanto mais estimulado e envolvido pela música o
indivíduo estiver, mais focado e motivado estará para desempenhar certa
atividade, fazendo com que o seu rendimento melhore consideravelmente, visto
que todos os estímulos de dor e cansaço estarão desvinculados parcialmente da
sua mente.
Diante das
evidências apresentadas pelos autores que dedicaram os seus estudos ao tema,
podemos concluir que a música influencia na prática de exercício físico.
Contudo deve-se levar em consideração como este estímulo deve ser aplicado no
momento da prática.
Nem todos os tipos
de música são apropriados para todos os tipos de exercício físico. Os estudos
mostraram que música acelerada beneficia na atividade física intensa como
correr ou pedalar, justamente pelo fato de aumentar os níveis de noradrenalina
e cortisol no corpo.
Além disso,
praticantes iniciantes ou menos experientes são os que mais beneficiam dessa
influência no desempenho. Por outro lado, música lenta beneficia a prática de
exercícios que exigem concentração e relaxamento, como a yoga, o pilates
e aulas de alongamentos, por exemplo.
Qual é a sua
música? A Personal Trainers Algarve aconselha-o(a) a ouvir o estilo de música
adequado e de preferência a seu gosto, para que na prática do exercício físico,
eleve o seu nível de satisfação e potencie um melhor desempenho, sem que se
aperceba do esforço envolvido.
Texto de Dora Pinto