terça-feira, 8 de outubro de 2013

A gravidez e o exercício físico


A Personal Trainers Algarve apresenta aqui o artigo editado na Revista digital Her Ideal deste mês, onde é abordado o tema da gravidez e aquilo que se pode ou deve fazer contrariando certos mitos...
 
Existem muitas mulheres que desejam um dia vir a ser mães, contudo as mudanças do corpo a que estão sujeitas durante e após a gravidez são uma preocupação constante.

"Poderei fazer exercício físico durante a gravidez?" "Que tipo de exercício é o mais aconselhado?" São algumas das perguntas que muitas vezes nos colocamos.

Durante muitos anos, as mulheres eram aconselhadas a ficar de pé o mínimo tempo possível e a uma vida basicamente sedentária. Felizmente que esta ideia, hoje em dia, está completamente ultrapassada. Desde que seja autorizada pelo seu médico pode fazer exercício físico, devendo este ser realizado de forma segura.

Os benefícios do exercício são hoje uma realidade: melhoria da condição física global, melhor adaptação cardiovascular à nova situação hemodinâmica, prevenção do excesso de peso, prevenção da diabetes gestacional, facilitação do trabalho de parto, recuperação mais fácil do trabalho de parto, redução no inchaço, alívio e desconforto intestinais incluindo a obstipação, diminuição das cãibras nas pernas, promove uma postura correta durante a gravidez, previne lombalgias e melhoria do humor e confiança.

Se nunca fez exercício, deve começar no início do segundo trimestre, pois a possibilidade de hipertermia (é o termo associado à elevação e/ou manutenção das temperaturas do corpo humano) do corpo é mais preocupante durante o primeiro trimestre.

Quando é que o exercício é contra-indicado nas grávidas? Causas médicas – cardiovasculares, respiratórias, anemias graves, infeções; historial obstétrico carregado – gravidezes anteriores com atrasos de crescimento intra-uterino, prematuridade, abortos de repetição; por causas da gravidez atual – nomeadamente hipertensão, ameaça de aborto ou de parto prematuro, rutura de membranas.

No que diz respeito ao plano de treino, este deve obedecer a todas as fases. No aquecimento deve caminhar ou pedalar sem grandes esforço mas de modo que prepare o corpo para parte principal, sempre feito de uma forma segura. Na parte principal deverão constar exercícios de fortalecimento muscular, ombros e braços, costas, pernas e músculos do soalho pélvico. Por último, os alongamentos durante a gravidez é especialmente importante alongar de maneira lenta e suave e concentrando-se na respiração, porque as articulações estão mais soltas com o aumento das hormonas.

Quando passamos para a prescrição dos exercícios devemos ter em atenção as seguintes normas: a primeira de todas é a que o bom senso deve prevalecer. Na prática, a grávida deve manter o nível de exercícios a que estava habituada e treinar pelo menos 3 vezes por semana; realizar exercícios que não necessitam de suportar o peso corporal, pois são os que vão causar menos impacto no períneo e causar menos tendência a uma eventual expulsão precoce; deve-se optar por atividades de baixo impacto; não fazer exercícios deitada de costas após o primeiro trimestre pois pode colocar pressão na veia cava inferior, a veia que devolve o sangue das pernas e tronco ao coração; em termos de intensidade não há regras pré-definidas, a educação da grávida deve complementar os parâmetros, objetivos que normalmente se seguem para dosear a intensidade do exercício; todo o exercício de elevada intensidade e/ou muito fatigante deve ser posto de parte por completo, sendo isto de especial importância no primeiro trimestre, altura de maior risco teratogénico (malformações no útero).

Toda a progressão da atividade física deve ser muito gradual, sobretudo se se tratar de mulheres previamente sedentárias; as condições ambientais adversas devem ser evitadas, quer em termos de temperatura, quer de humidade, quer de stress; é particularmente importante uma correta nutrição e hidratação para minimizar os riscos de hipoglicémia e desidratação durante a atividade física; sempre que a mulher se sinta cansada, mesmo sem razão aparente, deve interromper a atividade ou não fazer o exercício previsto para esse dia.

Alguns sinais que a grávida deve ter em conta quando faz exercício físico: sangramento vaginal, dor no abdómen ou no peito, dor de cabeça forte e persistente, redução percetível dos movimentos fetais, náuseas ou vómitos persistentes, palpitações no coração e sensação de falta de ar, se sentir algum destes sinais deve parar imediatamente o exercício e consultar o seu médico.

Finalmente, há que considerar outras cargas de esforço que normalmente se esquecem e que são, potencialmente mais prejudiciais para uma mulher grávida: o trabalho, com longos períodos em posições fixas ou carregando pesos, em ambientes com poluição sonora e química; as viagens casa-emprego, os transportes, o "stress" do tempo perdido; o trabalho de casa árduo, o marido e os filhos; o stress da competição profissional e a falta de descanso físico e emocional.

"Todo o exercício físico tem, como complemento essencial, o repouso. E na sociedade atual os problemas possíveis na gravidez são certamente devido mais à falta de descanso do que ao excesso de exercício." (1997, Themudo Barata)

A Personal Trainers Algarve concorda totalmente com esta afirmação, sendo que não deverá prescindir de um acompanhamento de um profissional competente para a orientar de forma segura, aumentando-lhe a qualidade de vida e evitando riscos desnecessários, neste período tão especial da sua vida.
 
 
Texto de Dora Pinto

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